Fui vítima de crime, epidemia, calamidade pública, ou desastre natural: consequências ou reações

Vítima é toda a pessoa que tenha sofrido um dano, nomeadamente um dano físico, material, moral, psicológico, institucional e sexual, ou um prejuízo material diretamente causados por um crime, calamidade pública, epidemia ou desastre natural.

Também são consideradas vítimas as pessoas que mantenham relação de afeto ou parentesco até o terceiro grau com a vítima ou o coletivo impactado diretamente pelo fato traumático.

Ser vítima de um crime ou evento traumático pode trazer uma série de consequências negativas: lesões ou outros problemas de ordem física, reações psicológicas, perdas financeiras ou perturbações ao nível familiar, social e laboral. Contudo, a intensidade do impacto e o modo como este se manifesta é uma questão individual que pode ser influenciada por diferentes fatores, entre os quais o tipo de crime ou acontecimento sofrido e as circunstâncias em que ocorreu, a relação com o indivíduo que o praticou, a situação familiar e social da vítima e as suas características de personalidade. Muitas vítimas ultrapassam por si o impacto da vitimização, outras necessitam de apoio.

Aqui pode encontrar uma breve descrição das consequências do crime, bem como das reações emocionais e comportamentais mais frequentemente sentidas por quem sofre um crime. No Instituto Pró Vítima, encontrará alguém disposto a ouvir e a ajudar.

Reações das vítimas de crimes, Epidemias, Calamidades públicas e desastres naturais

Ser vítima de um crime ou evento traumático pode desencadear uma série de reações físicas e comportamentais. A vítima pode vivenciar uma combinação de emoções e pensamentos com os quais é por vezes difícil lidar. Mesmo que estas emoções sejam reações completamente normais, pode sentir que está quase desabando e a perder o controle, o que pode ser bastante assustador. É importante lembrar que, na maioria das situações, isto passará e que, com o tempo, irá gradualmente voltar a adquirir um sentimento de controle sobre a sua vida. Das reações aqui descritas, pode identificar-se com muitas delas mas também pode não reconhecer nenhuma. O importante é perceber que não existe uma forma pré-definida de como se pode sentir e reagir. Quando somos vítimas de um crime ou outro evento traumático, podemos ser afetados de muitas maneiras diferentes. Todos nós temos as nossas estratégias para lidar com as dificuldades na nossa vida. Habitualmente, estas estratégias funcionam bem e ajudam-nos em circunstâncias muito diferentes. Mas quando se é vítima de crime somos colocados numa situação à qual reagimos de modo diferente do habitual e as estratégias que normalmente usamos poderão não ser suficientes. Frequentemente sentimos que a nossa integridade pessoal foi violada e que estamos em estado de choque. Para além disso, podemos sofrer de problemas como dificuldades para dormir, depressão, ansiedade e culpa. Podemos sentir culpa, mesmo sabendo que na verdade não somos responsáveis pelo que aconteceu. É precisamente este fenômeno de não reconhecer ou não compreender as nossas próprias reações que é bastante desconfortável para a maioria das pessoas. O que é na realidade uma reação completamente normal a uma situação anormal faz-nos sentir que perdemos completamente o controle e o mundo pode parecer um lugar inseguro. Para a maioria das pessoas, estes sintomas desaparecem com o tempo. O que pode por vezes permanecer por mais tempo são as recordações do incidente que são desencadeadas por uma imagem, um certo cheiro ou outra recordação, e que podem provocar temporariamente as mesmas reações mais uma vez. Se estas reações não desaparecem passados alguns meses, é importante procurar ajuda.

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O Trauma

As vítimas de crime ou fatos imprevisíveis lidam frequentemente com uma grande variedade de reações psicológicas. Enquanto os danos físicos e financeiros causados por um crime são muito conhecidos e divulgados, as experiências traumáticas e as suas consequências para as vítimas são geralmente alvo de menor atenção e compreensão. As vítimas de crime que sofrem um trauma psicológico descrevem com frequência a sua situação por estas palavras: “Nada é como era.“Quando a integridade física ou psicológica de uma pessoa é atacada ou está severamente ameaçada, esta pode experienciar um evento traumático. A pessoa vê-se exposta a uma situação imprevista em que se sente desesperada e impotente, e este sentimento de impotência contribui para um permanente abalo da sua autoimagem e compreensão do mundo. As vítimas de crime podem perder, muitas vezes permanentemente, a confiança no outro. Algumas vítimas desenvolvem um forte sentimento de desconfiança relativamente aos outros, o que, em última instância, pode conduzir a um total afastamento da família, dos amigos e da sociedade. Já as vítimas de epidemias ou pandemias passam a enxergar o outro como potencial inimigo, ao passo que as vítimas de calamidades públicas e desastres naturais também experimentam um sentimento de isolamento e desconexão. As vítimas de crime sofrem frequentemente consequências psicossomáticas, isto é, reações físicas ao stress emocional. Certos estímulos, tal como um certo som que relembra a vítima do crime que sofreu, não só desencadeia memórias, mas também reações físicas como palpitações ou aumento da tensão arterial. E isto pode conduzir a doenças secundárias como tensão arterial elevada crónica. Outro sintoma típico desenvolvido pelas vítimas de crime é o de uma perspectiva pessimista crônica do futuro. Tal pode ser atestado pelo seu comportamento passivo ou autoestima diminuída no desenvolvimento de tarefas e obrigações da vida diária.

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